22 outubro, 2010

Conhecimento sem fronteiras

Estar numa outra cultura, conhecê-la e entendê-la, sem ter sua família ou seus amigos por perto, conhecer uma realidade que não é a que você está acostumado, se adaptar a novos padrões e costumes, fazer amigos que terá que deixar para trás, lidar com situações adversas e pessoas muito diferentes de você, aprender a "se virar" sozinho e, principalmente, ser vítima de preconceito enquanto não aprender a ser parte dessa outra cultura. Essas e muitas outras situações são enfrentadas por aqueles que se aventuram pelo mundo e participam de intercâmbio.

A necessidade de obter um diferencial diante do concorrido mercado de trabalho atual vem fazendo os estudantes procurar com mais empenho oportunidades de intercâmbio, pois é uma alternativa de crescer profissionalmente. A maioria das empresas leva em consideração uma experiência no exterior durante o processo de seleção para uma vaga.

A experiência de viver em outro país proporciona ao profissional conhecer hábitos diferentes, abrindo uma nova perspectiva, com isso o intercambista precisa se adaptar a um novo ambiente, enfrentar desafios e crescer, como pessoa e profissional, além de estar disposto a se transformar, a desafiar sua visão de mundo.

O famoso viajante marítimo Amir Klynk, afirma, no seu livro “Mar sem fim: 360 ̊ ao redor da Antártica”:

“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver.”

Nesse sentido, o município de Frederico conta com a ONG AFS Intercultura Brasil, cujos programas de intercâmbio ajudam a desenvolver a cidadania e oferecem aos participantes oportunidades de imersão em outras culturas, crescimento pessoal, expansão de possibilidades no campo social e profissional, assim como o aprendizado de outras línguas e costumes.

Conhecendo os intercambistas do AFS em Frederico Westphalen

Nome: Sutapat Patsanguan

Idade: 17 anos

Cidade/ País de origem: Bangkok, Tailândia

O que te motivou a fazer intercâmbio?

            Eu não tinha a intenção de fazer intercâmbio, fui com uma amiga realizar a prova e acabei sendo selecionada. Escolhi o Brasil por primeiro e por segundo a Finlândia.

E seus pais, aprovaram a ideia?

            Meus pais achavam que eu não ia conseguir, mas depois que eu passei apoiaram a ideia.

Você já fez alguma viagem internacional antes?

            Já fui para o Japão, Honk Kong e Coreia com a família passar férias e, para o Canadá por intercâmbio, por um mês.

Como está sendo esse período inserido em outra cultura?

            Eu estranhei a aproximação das pessoas. Na Tailândia não se tem o costume de abraçar e beijar no rosto. A comida também é muito diferente, pois lá se come basicamente arroz, peixe e salada. Eu gostei do churrasco, a carne aqui é melhor, na Tailândia se come pouca carne, pois é cara e quase não se encontra.

Quais as primeiras impressões do Brasil?

            As minhas primeiras impressões foram ver que a maioria das pessoas são alegres, sorridentes, cumprimentam com abraços e beijos. De onde eu vim, se tem o costume de andar de mãos dadas, com amigos, parentes, não somente com o namorado, mas o cumprimento é sem contato físico. 

Qual a principal dificuldade que você encontrou?

            A principal dificuldade é a língua, as letras são diferentes, o tailandês usa símbolos.

Como faz para driblar a saudade?

            Não sinto saudade, pois logo eu volto para lá e, meus pais também não sentem minha falta, pois podem ficar sozinhos em casa. Meus pais ligam no máximo uma vez por mês.


Quanto aos costumes daqui, você teve alguma dificuldade em se adaptar?
           
            Não tive dificuldade para me adaptar. Uma coisa que me marcou, foi ver, no primeiro dia de aula, alunos se beijando na boca. Na Tailândia não se beija em público.


O que está achando da escola?

            A relação entre professores e alunos é muito legal, pode-se perguntar o que quiser, se você não entendeu, pode perguntar de novo e estuda-se apenas 5 horas por dia. Na Tailândia o ensino é muito rigoroso e os professores são distantes dos alunos, lá estuda-se 12 horas por dia, de segunda à sábado.

O que você mais gosta de fazer no tempo livre?

            No tempo livre vou à academia, participo do CTG. Eu gosto muito de assistir televisão, novelas principalmente, como Passione da rede Globo. De computador não gosto muito e quase entro na internet. Leio revistas, principalmente a Capricho. Gosto de conversar com meus pais daqui e com os amigos. Gosto de ir à piscina e participar de trabalho voluntário, fazendo atividades com as crianças carentes de Frederico.

Do que você vai sentir mais falta quando voltar para a Tailândia?

            Vou sentir muita falta da minha mãe e do meu pai daqui, dos amigos que fiz, são muito queridos comigo. E do churrasco também.

Como é sua relação com a família aqui em Frederico Westphalen?

É uma relação muito boa. A mãe Daiane Correa e o pai Ednei Salome Dutra são muito queridos comigo, me ajudam e me escutam. Como eu gosto muito de conversar, conto todo o meu dia, o que fiz, com quem conversei na escola e, meus pais se interessam.
Como é a relação com sua família na Tailândia?
É uma relação mais distante. Meu pai trabalha muito, é designer de peças de carro e minha mãe é professora de matemática em uma escola pública. Tenho uma irmã de 18 anos que está na faculdade.

Da Itália para Frederico Westphalen

Nome: Alessandro Radatti

Idade: 17 anos

Cidade/ País de origem: Manfredónia, Sul da Itália

O que te motivou a fazer intercâmbio?

            Quem me incentivou foi meu primo, que veio para o Brasil fazer um intercâmbio universitário de seis meses. A experiência dele me motivou.

E seus pais, aprovaram a ideia?

            Meus pais gostaram da ideia, mas eu tinha um pouco de receio no começo. Consegui o intercâmbio por meio de um teste psicológico.

Você já fez alguma viagem internacional antes?

            Já conheci a França e a Inglaterra, pois fui com meus os pais para lá, de férias.

Como está sendo esse período inserido em outra cultura?

            Eu imaginava uma cultura muito mais diferente, mas é parecida com a da Itália.

Quais as primeiras impressões do Brasil?

            As pessoas parecem muito felizes.

Qual a principal dificuldade que você encontrou?

            Não encontrei muitas dificuldades, a língua é parecida também.

Como faz para driblar a saudade?

            Eu não sinto muita falta, mas meus pais devem sentir. Falo com meus os pais pela internet, skype principalmente.          

E a comida? Sentiu muita diferença?

            A massa na Itália é melhor, em compensação a carne é muito boa, adoro churrasco. Na Itália a carne é muito cara e, não se encontra pedaços grandes.

Quanto aos costumes daqui, você teve alguma dificuldade em se adaptar.

            Não tive muitas dificuldades para me adaptar. Estranhei a bagunça, as conversas na sala de aula. Nas escolas italianas o ensino é rígido, os professores não permitem barulho algum, estuda-se 5 horas diárias também.

O que está achando da escola?

            A escola é legal, a relação com os professores é melhor. Eu acho fácil, estou no segundo ano do ensino médio, lá estaria no quarto ano, de cinco.

O que você mais gosta de fazer no tempo livre?

            No tempo livre eu gosto de passear pela cidade, navegar na internet, conversar com meus pais daqui e com o Yan, meu irmão aqui. Não gosto muito de assistir TV, prefiro esportes, adoro futebol.

Do que você vai sentir mais falta quando voltar para a Itália?

Da família que me adotou, da mãe Clesi e do pai Roque Dae Vesco, são ótimos comigo.

Como é sua relação com a família aqui em Frederico Westphalen?

É uma relação boa, nos entendemos bem. Não diferencia muito da relação que tenho com meus pais, na Itália.

Assessoria de Imprensa AFS - Comitê de Frederico Westphalen


Um comentário:

  1. Parabéns! Interessante como é marcante a diferença positiva da escola, tanto para Su como para Alessandro. Parabéns também às famílias hospedeiras, cheias de carinho e disponibilidade. Muito obrigado!! Claudio Nery Varoni Martins

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